• Formado em Medicina pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).
  • Residência de Neurocirurgia na Santa Casa de Belo Horizonte.
  • Fellow em Radiocirurgia e Neurocirurgia Funcional pela Universidade da Califórnia Los Angeles (UCLA) EUA.
  • Neurocirurgião do Corpo clínico do Hospital Sirio Libanês e Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo
  • Autor do Neurosurgery Blog
  • Autor de 4 livros
  • Colaborador na criação de 11 aplicativos médicos.
  • Editor do Canal do YouTube NeurocirurgiaBR
  • Diretor de Tecnologia de Informação da Associação Paulista de Medicina (APM) 
  • Delegado da Associação Médica Brasileira (AMB)

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Nem todo aneurisma é cerebral; conheça outros tipos. Dr. Julio Pereira – Neurocirurgião São Paulo – Neurocirurgião Hospital Sírio-Libanês

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Quando se ouve a palavra “aneurisma”, a associação imediata de muitas pessoas é com o cérebro, devido à gravidade e notoriedade dos aneurismas cerebrais, que podem levar a acidentes vasculares cerebrais hemorrágicos devastadores. No entanto, é fundamental compreender que um aneurisma é, por definição, uma dilatação anormal e localizada de um vaso sanguíneo, geralmente uma artéria, causada pelo enfraquecimento de sua parede. Embora os cerebrais sejam particularmente perigosos, essa condição vascular pode ocorrer em diversas outras partes do corpo, algumas com frequência até maior, representando riscos significativos que merecem atenção e conhecimento.

O tipo mais comum de aneurisma fora do cérebro é o Aneurisma da Aorta Abdominal (AAA). A aorta é a maior artéria do corpo, transportando sangue oxigenado do coração para o resto do organismo, e sua porção que atravessa o abdômen é particularmente suscetível a dilatações. Fatores de risco como idade avançada (acima de 60-65 anos), tabagismo, hipertensão arterial, aterosclerose (acúmulo de placas de gordura nas artérias), sexo masculino e histórico familiar aumentam a probabilidade de desenvolver um AAA. Frequentemente, esses aneurismas são assintomáticos e descobertos incidentalmente em exames de imagem, mas podem causar dor abdominal ou lombar se crescerem muito. O grande perigo reside na ruptura, um evento catastrófico com altíssima mortalidade devido à hemorragia interna massiva.

Assim como na porção abdominal, a aorta também pode desenvolver aneurismas em sua seção torácica, condição conhecida como Aneurisma da Aorta Torácica (AAT). As causas e fatores de risco são semelhantes aos do AAA, incluindo aterosclerose e hipertensão, mas condições genéticas que afetam o tecido conjuntivo, como a Síndrome de Marfan ou a presença de válvula aórtica bicúspide, também aumentam a suscetibilidade. Os AATs podem permanecer silenciosos por muito tempo, mas aneurismas grandes podem comprimir estruturas vizinhas no tórax, causando sintomas como dor no peito ou nas costas, tosse, rouquidão ou dificuldade para engolir. Além do risco de ruptura, os AATs também apresentam risco de dissecção aórtica, uma condição grave onde ocorre uma separação das camadas da parede da aorta.

Além da aorta, outras artérias do corpo podem ser acometidas por aneurismas, genericamente chamados de aneurismas periféricos. Embora menos comuns que os aórticos, eles podem ocorrer em artérias importantes como a artéria poplítea (localizada atrás do joelho), a artéria femoral (na virilha), as artérias carótidas (no pescoço), ou mesmo em artérias viscerais, como a esplênica (do baço) ou renal (dos rins). As causas podem incluir aterosclerose, traumas ou infecções. O risco principal associado a muitos aneurismas periféricos, especialmente os de membros inferiores como o poplíteo, não é tanto a ruptura, mas sim a formação de coágulos (trombos) dentro da dilatação, que podem se soltar (embolizar) e obstruir artérias menores mais abaixo, causando isquemia aguda (falta de sangue) no membro afetado.

Portanto, é crucial ampliar a percepção sobre os aneurismas para além do cérebro. Aneurismas aórticos (abdominais e torácicos) e periféricos são condições vasculares importantes, muitas vezes silenciosas, mas com potencial de complicações graves como ruptura ou trombose/embolia. O diagnóstico geralmente se baseia em exames de imagem como ultrassonografia, tomografia computadorizada ou ressonância magnética, muitas vezes realizados por outros motivos. Programas de rastreamento, especialmente para AAA em grupos de risco (homens idosos e tabagistas), são importantes para a detecção precoce. O tratamento varia desde o acompanhamento vigilante e controle de fatores de risco até intervenções cirúrgicas (abertas ou endovasculares) para reparar o vaso dilatado, dependendo do tamanho, localização e risco de complicações do aneurisma. Estar ciente da existência desses outros tipos de aneurisma é o primeiro passo para buscar avaliação médica adequada e prevenir desfechos graves.