A avaliação pós-operatória na unidade de terapia intensiva apresenta diversas especificidades, por se tratar de pacientes críticos e muitas vezes com alterações neurológicas prévias.
Seguem alguns tópicos que merecem destaque na avaliação do paciente no período pós-operatório:
- História Clínica:
- História clínica sumarizada em tópicos como dados relacionados ao início dos sintomas, passado de epilepsia, alergias, doenças associadas;
- Detalhes do procedimento cirúrgico com ênfase em motivo da abordagem, técnica utilizada e intercorrências;
- Tipos de anestesia e suas possíveis intercorrências: dificuldade de via aérea, balanço hídrico, uso de proteção cerebral, antibiótico e anticonvulsivantes;
- Limitações na mobilização do paciente.
Todo paciente deve seguir a rotina básica das unidades de terapia intensiva, destinada a controle dos sinais vitais, controle glicêmico e avaliação laboratorial de rotina.
- Exame Neurológico:
- Deve ser enfatizado o estado neurológico pré-operatório e estado mental;
- Admissional – detalhada;
- Avaliação seriada com neurocheck;
- Avaliação da neuroimagem pré-operatória.
- Alguns pontos importantes a serem ressaltados no cuidado de pacientes neurocirúrgicos:
- Avaliar vias aéreas, respiração, e circulação (ABC);
- Medicações que devem ser continuadas ou interrompidas (anticonvulsivantes, corticoide, antibióticos, antiagregante plaquetário, etc.)
- Dor
- Frequentemente subtratada causando elevação da pressão arterial e da frequência cardíaca (indesejados por aumentar o risco de sangramento no sítio cirúrgico);
- Narcóticos (fentanil, morfina): bons analgésicos, mas exigem titulação e monitorização rigorosa pois podem rebaixar o nível de consciência e induzir retenção de CO2 elevando a pressão intra-craniana (PIC).
- Náusea e vômito
- Muito comum em pós-operatório neurocirúrgico (30 – 50%);
- Pode levar a hipertensão, aumento da PIC e aspiração;
- Vômitos refratários à medicação podem ser sintoma de hipertensão intracraniana
- Tremores
- Frequentes em pós-operatório neurocirúrgico (10%);
- Associado a consumo significativo de oxigênio e esforço cardíaco;
- Prevenido pelo aquecimento intra-operatório;
- Pode ser tratado com pequenas doses de meperidina (15-30mg).
Referências:
- Bhardwaj, Anish, Mirski, Marek A., Ulatowski, John A.; Handbook of Neurocritical Care, 1st ed, Humana Press Inc., 2004.
- Suarez JI, Critical Care Neurology and Neurosurgery. Totowa, NJ: Humana Press, 2004
- Greenberg, Mark. Handbook of Neurosurgery. 7th ed. Thieme; 2010.